sábado, 23 de janeiro de 2010

O ENSAÍSTA


Não importa se não domino certas técnicas:
Com orelhadas vou fincando meu brasão nestas terras tão áridas,
O País das Palavras.

Sou carioca, não quis ser assim nem me orgulho de tal feito,
Mas tem sido bom passar a atual existência
Nesse bacanal público a céu aberto.

A mistureba é tão grande por aqui, e tudo é resolvido tão intuitivamente,
Que resolvi emular o exemplo e reinventar, a meu bel prazer,
Toda A Arte Literária do Homem.

Soa prepotente, eu sei, mas queria o quê de alguém que se auto-elege
“O Obscuro Observador de Tudo”?
Vou rascunhando umas linhas tortas por aí...

Mergindo idiomas e conceitos – prosa, verso e fofoca de bar –,
Enquanto agrido o burro que se acha culto,
Ainda agrado aos intelectos que aprendem as coisas burramente.

Sofismas desconexos mutilados em morfemas vis;
Quisifôda mulecada! Eu num tô nhem aê...
Meto essa letra, qualquer coisa que nada diga,

Pra tentar passar pra todos o que acho de tudo:
Que tudo nada diz, só o que vale mesmo é a satisfação.
Viva pela satisfação, assim como faço.

Me satisfaço em brincar de insigne intelectual mesmo sem “sê-lo”.
Me satisfaço em ruir o português, essa última-flor-do-lácio tão mala.
Me satisfaço em forjar expressões de desgosto nos rostos de leitores incautos.
Me satisfaço em repetir verbos e pronomes sem o menor cabimento.
Me satisfaço em escrever por escrever sem escrever.
Me satisfaço em viver satisfeito.
Me satisfaço apenas...

Um comentário:

Sylvia Araujo disse...

E viva a satisfação!
Só não esqueça da liçãozinha de avó que diz assim: "o nosso espaço termina onde começa o do outro". Auto agressão até vale - apesar de eu não ser muito fã dela - mas agredir o outro pra nosso simples e bel prazer, aí já é um 'cado demais.

PS: Você diz que sente prazer em ruir o português, mas anda escrevendo bem bonitinho, hein? hahahaha
E agora, José?

Beijo